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notas

Algumas funcionalidades do livro digital - mapa da cidade e arquivos sonoros extras - só estão disponíveis na versão para desktop.

As colagens dispostas nesse livro digital foram feitas por mim, e incluem poemas de autoria de Marco Rio Branco, músico, compositor e pensador luizense.

 

As gravações de áudio não foram editadas, com o objetivo de que fossem fiéis ao seu próprio tempo e espaço de produção, por vezes contando com passagens da própria paisagem sonora da cidade - elas contém comentários, pássaros, carros, o vento e uma cachoeira.

O pássaro

Thar (56) é músico, compositor e meu pai. Nena dos Santos (58) é artesã, e seu irmão Pio foi importante músico, compositor e pessoa luizense. Os dois são filhos do mestre Elpídio dos Santos, fundador do coral Uirapuru do Vale que, mais tarde, ficou sob responsabilidade do mestre Afonso Pinto, autor da música Pedacinho de Chão, desempenhada por Thar e Ana (minha mãe).

 

A gravação de Elpídio e o relógio foi cedida pela família do compositor.

 

Sandro Landim (44) é construtor, e aprendeu a imitar pássaros para caçá-los, por gosto próprio, pra criá-los em casa. Desistiu da prática e soltou todos os passarinhos que tinha, mas ainda aprende a imitá-los. Cantigo e arremedo são palavras que ele mesmo usou. Para esta pesquisa, ele imitou 15 pássaros diferentes, estando três dispostos aqui.

O sabiá laranjeira é tão marcante no imaginário luizense que foi tema da música Trilha do Sabiá Laranjeira, no álbum Céu de Lamparina (2015) da banda de mesmo nome, também de São Luiz do Paraitinga.

Os passarinhos, sapos e cigarras estão entre os eventos sonoros (principalmente da zona rural) mais citados na Pesquisa de Sonoridades de São Luiz do Paraitinga, primeira etapa do que por fim resultou neste livro digital.

O sino

Renô Martins (Agenor, 82) é um potente agitador cultural de São Luiz do Paraitinga, mestre de Brão, da Cavalhada na festa do Divino Espírito Santo, e violeiro que aprendeu sozinho as notas que toca. A linha da cobra foi uma que ele criou a respeito das obras do asfalto da estrada de Catuçaba que chegaram a seu sítio, onde foi gravada a entrevista e a cantoria.

Galvão Frade (61) é músico, compositor e grande especialista da cultural popular luizense. Participou do Grupo Paranga, junto a Nena e Pio dos Santos, além de outros grandes músicos. A Maricota é uma de suas inúmeras contribuições à cultura, musicalidade e paisagem sonora de São Luiz do Paraitinga.

O vídeo da Congada mostra a Congada de São Benedito tocando na Festa do Divino Espírito Santo de 2019, e foi gravado por mim. O áudio é entrecortado por uma fala de Camilo do mesmo dia.

Zé Sacristão (José Francisco Souza, 89) serviu à paróquia de São Luiz do Paraitinga por 32 anos, tirando apenas 15 dias de folga durante todo esse tempo. Se tornou figura marcante como sineiro: numa enchente chegou a badalar o sino por horas durante a noite, para avisar o povo da cidade.

 

Os repiques de sino que ele explica foram gravados no momento da entrevista, em sua casa, num pequeno sino que eu levei. São entrecortados pelas minhas próprias falas, de Thar e de Leila Souza, sua filha, que estavam presentes também. 

O sino da Matriz, hoje, é tocado por “Coroné”, também exímio sineiro. Depois da Grande Enchente de 2010, na qual a igreja desmoronou, o sino de cambota (o sistema no qual Zé Sacristão tocava), foi substituído por um único sino tocado por uma corda.

A conversa sobre aboios aconteceu no momento da entrevista de Galvão entre ele e Thar. A música Saudade Danada está gravada no álbum Chora Viola, Canta Coração (de 1997), do Grupo Paranga.

O rio

João Rafael Cursino (38) é historiador e músico luizense, integrante da banda de carnaval Estrambelhados e estudioso sobre a cultura luizense.

 

A denominação “mar de morros” foi consagrada pelo geógrafo Aziz Nacib Ab'saber a respeito do relevo do Planalto Atlântico. Ab’saber era, também, natural de São Luiz do Paraitinga.

A Cavalhada é a encenação de uma luta entre mouros e cristãos na época das Cruzadas, que acontece todos os anos na Festa do Divino Espírito Santo, ocasião em que foi gravada por mim para esta pesquisa.

Camilo Frade (23) é músico, compositor e cientista social luizense. É sobrinho de Galvão Frade e seu pai, Nhô, também foi integrante do Grupo Paranga. Gravações da Festa do Divino Espírito Santo feitas por mim foram usadas por ele na sua releitura da canção Moçambique (originalmente composta por Thar e Galvão Frade), no álbum Quintais (2020).

 

Natália Moradei (37) é arquiteta e urbanista luizense. Esteve como Secretária de Obras da Prefeitura de São Luiz do Paraitinga no momento da Grande Enchente de 2010 e, como pesquisadora, analisou a reconstrução da cidade. Sua família também é uma relevante família de músicos luizenses.

 

Tanto Natália como Camilo pontuaram que os sons dos ensaios são “o que dão vida à cidade”, e essa também foi uma observação frequente na Pesquisa de Sonoridades (Apêndice). Natália também explicou uma observada alteração na sonoridade do rio Paraitinga após a enchente: foram feitas obras de recuperação que o deixaram mais fundo e mais rápido, e seu som mais intenso.

bibliografia

AB'SABER, Aziz N. Os domínios de Natureza no Brasil. São Paulo: Ateliê Editorial, 2005.

 

CALVINO, Italo. Sob o sol-jaguar. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

 

KAGGE, Erling. Silêncio - na era do ruído. Rio de Janeiro: Objetiva, 2017.

 

MACHADO, Silvia A. P. Canção de Ninar Brasileira: Aproximações. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2017.

 

ROSA, João G. Grande sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1956.

 

SANTOS, Fátima C. Escutando paisagens sonoras: uma escuta nômade. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica - PUC/SP, 2000.

 

SCHAFER, Murray R. A Afinação do Mundo. São Paulo: Unesp, 1997.

 

TOLEDO, Marcelo H. S. São Luiz o ano inteiro. Comitê pró-associação para o desenvolvimento cultural e ambiental de São Luiz do Paraitinga. Taubaté: Editora Vogal, 1997.


WISNIK, José Miguel. O som e o sentido. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

    Trabalho de Conclusão de Curso

    Comunicação e Multimeios - PUC-SP

    Maria Paula Carvalho Ferreira

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